São 4h de autocarro acompanhada das mais belas paisagens, entre vales verdejantes, rios imponentes e um nevoeiro daqueles mágicos, cá vou eu andando entre curvas e meias curvas, rodeada de um verde abundante, energia fresca e ascendente.
Uso estes momentos para planear os próximos episódios, que se querem verdes, acompanhados de arroz integral! ai ai, as piadinhas macrobióticas, não consigo evitar! Especialmente quando tive os últimos 10 dias a Arroz Integral e verdes!
É verdade, de tempos a tempos vou fazendo estas experiências, a mais radical de todas são os 10 dias a… somente… arroz integral, a famosa Dieta nº 7! Pura e dura! E isto não é uma dieta para emagrecer, apesar de ser uma das consequências, é para limpar o organismo, um pouco radical sim, mas uma experiência enriquecedora para quem quer conhecer melhor o seu corpo e suas reacções aos alimentos.
Dia 1, 2 e 3: custam estes primeiros dias, a adaptação, os níveis de energia vão ao pico, acordava às 5h da manhã completamente desperta, fome? não… Tentações, sim! Mas acreditem que não é com chocolates ou torradas, dá desejos de comer um belo estufado de lentilhas, um bom pedaço de abóbora, coisas simples, há que ter arroz sempre por perto, fazer bem a mastigação, muito exercício físico et voilá, a aventura prossegue!
Dias 4, 5, 6: aqui é que são elas! Ui… o mau humor a vir ao de cima, ou chamemos-lhe antes os açucares a saírem, começa a descarga dos excessos cometidos previamente, lembro-me de ter plena consciência de que me apetecia “bater em alguém”, não o pus em prática, fui lavar loiça! Estava irritadiça e hiper-sensível, mas deram-me um desconto e receitaram-me um caldo de vegetais doces para equilibrar os níveis de açúcar no sangue e evitar uma qualquer catástrofe.
Dia 7: a coisa começa a estabilizar, o corpo já está habituado à sua rotina de arroz 24/7 e deixa de cobrar a falta de diversidade, começa a encontrar um ponto de equilíbrio. Incrível esta máquina que temos, adapta-se a todas as mudanças.
Dias 8, 9, 10: a planar, sinto-me lúcida, leve, calma, motivada, centrada, quando chega o último dia presenteio-me com umas compressas de gengibre nos rins, não me lembro de me ter sentido tão bem como naquele dia, completamente high natural!
Dia 11: Posso comer qualquer coisa… e não sei o quê! Senti-me tão bem a arroz integral que só me apetecia prolongar a experiência, só me apetecia continuar a sentir-me daquela forma, tão viva! Então vou adicionando aos poucos os diversos alimentos que sei me vão manter centrada, outros cereais, leguminosas, vegetais e sopas, coisas simples e deliciosas!
PS.: Esta dieta só é indicada para quem já tenha uma dieta de base macrobiótica.
boa Martinha.. eu já fiz uma de 6 meses, à base de sopas e umas frutinhas ❤ nunca me senti tão bem na vida..
Não leves a mal a ignorância, mas não entendo para que serve essa dieta (e outras do género). Uma dieta saudável não é uma dieta variada? E não é suposto mantê-la durante a vida?
Podes explicar-me o teu ponto de vista?
PS – Bom blog! 🙂
Depois de ter respondido via e-mail à questão que a Mia colocou decidi partilhar aqui também, para o caso de haver mais pessoas com questões parecidas.
“Olá Mia,
Desde já obrigada pelo teu comentário.
É uma óptima questão, a Dieta Nº7, que é a que pratico, quanto a outras não posso responder, a ideia de serem 10 dias deve-se ao facto do nosso plasma sanguíneo demorar esse tempo a renovar-se, limpando os excessos e abrindo espaço para novos padrões energéticos no organismo, escolhe-se o arroz integral também por ser um dos alimentos mais completos e equilibrados por si só, na tabela das cinco transformações, existe o elemento água, árvore, fogo, solo e metal, a cada uma destas energias são atribuídas características, assim como alimentos, o arroz integral corresponde á energia metal, que sugere forças de condensação, organização, intuição, decisão, disciplina, entre outras, podemos então usar estas ferramentas de conhecimento e aplicá-las à prática, à maneira como nos queremos sentir, eu escolho fazê-lo quando me sinto enfraquecida, tanto a nível físico como emocional, fazer uma dieta destas pode efectivamente ajudar-nos a criar novos padrões de comportamento com os alimentos e isso reflecte-se no nosso modo de estar na vida, a alimentação não é tudo, mas é uma parte importante daquilo que somos, somos literalmente aquilo que comemos, assim como o café tem um efeito excitante no organismo, e esse é fácil de identificar, porque actua muito rapidamente na nossa corrente sanguínea, o mesmo acontece com todos os outros alimentos. A ideia não é passar-se uma vida assim, até porque como o disseste e muito acertadamente, quer-se diversidade na vida e ainda mais importante uma boa qualidade de diversidade.
Eu tenho um motivo muito específico e pessoal quando escolho fazer esta dieta, faço-o com a intenção de sentir e experienciar o verdadeiro impacto dos alimentos no nosso organismo e nas nossas emoções, e só fazendo muitas mudanças e experiências, alternando entre vários pólos é que se consegue ter essa consciência. Acima de tudo quero conhecer o meu corpo que é a nossa ferramenta primordial, quero respeitá-lo e alimentá-lo de uma forma inteligente e acredito que o faço quando escolho ter estas experiências, seja a nível de uma dieta mais drástica, como também nas minhas escolhas diárias, o resultado final é muito gratificante, é um facto.
Espero ter conseguido elucidar-te com a minha resposta, qualquer dúvida não hesites em entrar em contacto, são bem vindas todas as questões.
Boa tarde e beijinhos,
Mar”
Olá Marta, estou no sétimo dia da dieta número 7. E só desde ontem à tarde é que sinto algo diferente no meu corpo. Dores de cabeça ligeiras, uma espécie de ardor no estômago e a sensação de músculos cansados. Gostava de saber se estas reacções são correntes e qual o tipo de reacções mais frequentes. Obrigada desde já pelos conselhos já expostos e pelas receitas. Já me tornei uma profissional na cozedura de arroz, sopa de miso e creme de arroz 🙂